LAURACEAE

Aniba rosaeodora Ducke

Como citar:

Maria Marta V. de Moraes; Tainan Messina. 2012. Aniba rosaeodora (LAURACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

932.646,074 Km2

AOO:

84,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Distribui-se nos estados do Amapá, Pará, Amazonas (Quinet; Baitello; Moraes, 2011).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2012
Avaliador: Maria Marta V. de Moraes
Revisor: Tainan Messina
Critério: A2abcd
Categoria: EN
Justificativa:

?Distribuída nos estados do Amapá, Amazonas e Pará, a espécie tem grande valor econômico, pois, das árvores do pau-rosa é extraído o linalol, essência largamente empregada como fixador de perfumes, assim como fragrâncias utilizadas pela indústria de perfumaria nacional e internacional. A produção do óleo essencial é baseada na derrubada da árvore, levando a redução das subpopulações naturais. Desde o início do século passado, o óleo essencial do pau-rosa tem sido usado de modo não sustentável e em larga escala. Através dos dados históricos de extração da espécie estima-se uma redução populacional de 46%. Em 2009, estudos realizados em populações naturais de pau-rosa, em 12 municípios do Amazonas, observaram uma baixa densidade de árvores adultas (1 árvore/5 ha e DAP>10 cm). No início dos anos de 1950, o pau-rosa era amplamente distribuído e facilmente acessível ao longo das margens dos rios. A exploração levou à virtual extinção de subpopulações ao longo das margens dos rios. Na década de 80, o acesso as subpopulações naturais tornou-se progressivamente mais difícil e encontrando-se efetivamente confinadas a um número de áreas no Amazonas central. Hoje, mesmo nestas áreas, árvores com DAP maior que 30 cm só são encontradas a mais de 2 km de distância das margens dos rios. Observa-se também o declínio contínuo de sua extensão de ocorrência e da qualidade de seu habitat pela exploração madeireira, extrativista, a pecuária e a agricultura.

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Quando Ducke descreveu Aniba rosaeodora, acreditou que esta espécie era restrita às Guianas. Uma coleta no sul da Amazônia, que apresentava folhas menores, foi interpretada como uma variação geográfica por Ducke. Esta var. amazonica foi elevada por Kostermans à classificação específica como A. duckei. O amplo material agora disponível revela que não há base para distinguir duas entidades em qualquer classificação. Formas com folhas pequenas também ocorrem nas Guianas e formas com folhas maiores estão presentes tanto no sul, norte quanto no centro da Amazônia. Possui como nome popular Pau-rosa e pau-rosa-itaúba (Kubtzki; Renner, 1982). Existem algumas discordâncias quanto ao exato statusbotânico desta espécie. No Brasil, onde muitos estudos de Aniba têm sido realizados, alguns grupos de pesquisa consideram A. rosaedora como sinônimo de A. duckei, enquanto outros possuem um ponto de vista oposto (May; Barata, 2004).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: Autilização mais conhecida e de grande valor econômico das árvores de pau-rosa (Anibarosaeodora) é a produção de óleo, do qual é extraído o linalol, essência largamenteempregada como fixador de perfumes pela indústria de perfumaria nacional einternacional (Sampaio et al., 2005).A produção do óleo essencial de pau-rosa (Aniba rosaeodora) apesarde estar baseada na extração de um recurso natural renovável, a natureza de suaextração, com o corte da planta-matriz, tem conduzido a uma atividadenão-sustentável. Isso acontece, também, em razão do descompasso entre a taxa deextração e a taxa natural de regeneração. Os primórdios da utilização do óleoessencial de pau-rosa até a década de 1960 foram para a indústria de sabonetese de perfumaria, como fixadora de perfumes. A Perfumaria Phebo Ltda., fundadaem 1932, em Belém, Pará, que fabricava o conhecido sabonete Phebo e cerca deduzentos tipos de perfumes tinha como componente básico a utilização do óleoessencial de pau-rosa. A escassez do produto fez com que seu uso ficasserestrito para a perfumaria fina, por exemplo, como componente do Chanel nº 5, criadona década de 1920, pela estilista Gabrielle Chanel (Homma, 2005).NosEstados do Amazonas e Pará, nas décadas de 1930 e 1940, mais de 40 usinas foramimplantadas para processamento desse óleo essencial. Na década de 1950, havia cercade 50 destilarias, a maioria no Estado do Amazonas, variando a produção de 100t até 600 t anuais, dependendo da flutuação dos preços mundiais (Kissin, 1952 apud Homma, 2005).Em 1969, conforme levantamento realizado pela antiga Superintendência do Desenvolvimentoda Amazônia - Sudam, havia 53 usinas de destilação em funcionamento, sendo trêsno Pará e 50 no Amazonas. Em decorrência do esgotamento dasáreas mais acessíveis e das baixas cotações do produto, com a expansão doproduto sintético, em 1971, esse total reduziu-se para 24 usinas, sendo nove noPará e 15 no Amazonas. Em 1980, segundo dados do Censo Industrial do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística - FIBGE, esse número caiu para quatroestabelecimentos apenas no Estado doAmazonas. Em 1988, seis usinas de destilação encontravam-se em funcionamento(Benchimol, 1988 apud Homma, 2005). Em 2003, a despeito da grande procura de óleo essencial depau-rosa, existiam apenas sete destilarias em funcionamento no Estado doAmazonas (Homma, 2005).

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Sampaio et al. (2002 apud Ferraz et al., 2009) realizaram inventários nas populações naturais de pau-rosa em doze municípios do Amazonas: Manaus, Presidente Figueiredo, Maués, Parintins, Nova Olinda, Novo Aripuanã, Barreirinha, Borba, Itacoatiara, Silves, Rio Preto da Eva e Itapiranga. Neles foi observada uma baixa densidade de árvores adultas (1 árvore/5 ha), considerando-se um DAP>10 cm. Na reserva florestal Adolpho Ducke (Manaus, AM), foram encontradas 3 a 4 árvores/25 ha,com DAP>20 cm. No início dos anos de 1950, o pau-rosa era amplamente distribuído e facilmente acessível ao longo das margens dos rios Curuauna, Tapajós, Parintins, Maues, Nhamunda, Uatumã Negro, Purus e Madeira. Durante asduas décadas seguintes, a escala de extração anual totalizou cerca de 25.000 toneladas de madeira (o equivalente a 10.000 árvores). Isto levou à virtual extinção de populações reprodutivas ao longo das margens dos rios em muitas áreas de principais estados produtores do Pará e Amazonas. Na década de 80, o acesso a populações naturais tornou-se progressivamente mais difícil e efetivamente confinadas a um númerode áreas no Amazonas central. Mesmo nestas áreas, árvores com um diâmetro à altura do peito desejável (DAP) maior que 30 cm são encontradas hoje a somente 2 km ou mais de distância das margens dos rios (Benchimol, 2001). Uma idéia do esgotamento pode ser estimada, considerando que, de 1937 a 2002, foram exportadas quase 13 mil toneladas de óleo essencial de pau-rosa. Sabe-se que 18 a 20t de madeira são necessárias para produzir um tambor de óleo (180kg) e queuma árvore de porte adequado pesa, em média, 1,75t. O diâmetro a altura do peito (DAP) das árvores extraídas variava de 30 a 60 cm. As estimativas de rendimento variam de 0,7% a 1,1% de óleo essencial do peso da madeira em tora de pau-rosa. Isso indica que é necessário uma tonelada de tora para produzir 10 kg de óleo essencial de pau-rosa. Estimando a distribuição média de uma árvore para cada cinco hectares e que, no mínimo, 825 mil árvores foram abatidas, pode-se concluir que mais de 4 milhões de hectares de matas foram explorados (Homma, 2005). A redução na intensidade de extração com o aparecimento do substituto sintético tem permitido a regeneração parcial da espécie, aproximando-se da taxa de manejo florestal. Enquanto nas décadas de 1940 e 1950, abatiam-se, em média, 20.000 árvores/ano, na década de 1980 caiu para 6.000 árvores/ano. Para Carvalho (1983 apud Homma, 2005), conforme levantamento realizado na Floresta Nacional do Tapajós, em área de grande ocorrência de árvores de pau-rosa, até o fim dos anos 1960, a regeneração tinha proporcionado árvores com até 20 m de altura e um diâmetro máximo de 15 cm, com uma densidade de 3,87 árvores/5 ha.Através dos dados históricos de extração da espécie, pode-se realizar uma estimativa da sua redução populacional. Para tanto, tomou-se o EOO da espécie e calculou-se o número de indivíduos antes da exploração (749.758 ind.), deste resultado extraiu-se o número de indivíduos abatidos (levando-se em conta 6ind/t de óleo=344.216 ind.), desta forma pode-se estimar uma redução populacional de 46%.

Ecologia:

Fitofisionomia: É, espécie característica de floresta pluvial em solos argilosos não inundável, (Ducke, 1938).
Detalhes: Asárvores atingem até 30m e todas as suas partes são aromáticas; cascapardo-amarelada, ritidoma desprende em placas grossas; folhas coriáceas; inflorescêncialateral de 2,5cm de compr. multiflora, flores pequenas; cúpula do fruto espessa,ferrugínea; fruto do tipo baga, 26,5x19,5cm, cor vinho-escuro quando maduro. Aespécie apresenta sistema reprodutivo do tipo dicogamia sincrônica, ondeexistem duas classes de indivíduos com periodicidade floral (A e B), mecanismoque funciona como uma dioecia temporal (Kubitzki; Renner, 1982; Kubitzki; Kurz, 1984 apud May; Barata, 2004).A espécie parece ter sistema de reprodução alógamo. É polinizada por insetos. Dispersa por animais, principalmente aves (Santos et al., 2008). É característica de floresta pluvial em solos argilosos não inundável (Ducke, 1938).

Ameaças (1):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3.3.2 Selective logging local medium
Desde o início do século passado, o óleo essencial do pau-rosa (Aniba rosaeodora D.) tem sido usado de modo não sustentável e em larga escala, para a produção delinalol e fragrâncias para a indústria de perfumaria, levando o IBAMA aincluí-lo na lista de espécies em perigo de extinção. A produção do óleoessencial é baseada na destruição da árvore, cujo tronco é cortado, reduzido acavacos e extraído em reatores por arraste a vapor para a indústriainternacional de perfumaria e cosmética. Estima-se que meio milhão de árvoresde pau-rosa já foram abatidas desde o início da exploração predatória iniciadana década de 30, ou 2 mil árvores abatidas anualmente para a produção de 50toneladas de óleo (Pravuschi, 2007).Atualmentea destilação de pau-rosa este concentrada em Manaus e em cidades do interiorcomo Parintins, Maués, Presidente Figueiredo e Nova Aripuana, todas no estadodo Amazonas. Somente 10 destilarias estavam em operação no início dos anos 90,e este número caiu para 6 em operação atualmente, embora de forma precária. Asdestilarias atuais somam uma escala de produção anual de 20 a 70 barris de 180kg cada. O total estimado anual gira em torno de 50 t, os quais representamsomente uma fração do que foi nos anos de 1940 e 1950 (Leite et al. 1999apud May;Barata, 2004).

Ações de conservação (4):

Ação Situação
4.4 Protected areas on going
​Presente na Reserva Ducke, Manaus, AM (Sampaio et al., 2005).
Ação Situação
1.2.1.1 International level on going
Em perigo (EN). Lista Vermelha da IUCN (Varty, 1998).
Ação Situação
1.2.1.2 National level on going
​Lista vermelha daflora do Brasil (MMA, 2008), anexo 1.
Ação Situação
1.2.1.3 Sub-national level on going
​Em Perigo (EN). Lista vermelha daflora do Pará (COEMA-PA, 2007).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
Cosméticos e perfumaria
​A utilização mais conhecida e de grande valor econômico das árvores de pau-rosa (Aniba rosaeodora) é a produção de óleo, do qual é extraído o linalol, essência largamente empregada como fixador de perfumes pela indústria de perfumaria nacional e internacional (Sampaio et al., 2005).